março 3, 2023 • • por admin

O que é “rolagem de opções”?

Se você opera opções (ou está estudando o assunto), já deve ter se deparado com a expressão “rolagem” (que alguns chamam, simplesmente, de “ajuste” ou usam o termo em Inglês “rollover”).

A rolagem é uma das principais técnicas de manejo operacional e gerenciamento de risco em operações com opções. Mas, para entendermos a rolagem, é importante lembrarmos de uma das principais características dos instrumentos derivativos (do quais os contratos de opção fazem parte).

Os derivativos e o vencimento

Derivativos (e aí podemos colocar as opções, os contratos futuros, os contratos e termo e os swaps) são instrumentos financeiros que têm “data para morrer”. Esses instrumentos têm uma data de vencimento que define, essencialmente, a “morte” do instrumento.

No caso das opções, todas elas “morrem” no dia do vencimento. É possível, em teoria, fazer uma opção que não vence nunca, mas teria que ser uma opção “de balcão” pois, no mercado financeiro, todas as opções expiram no dia do vencimento.

O que ocorre é que algumas opções podem ser exercidas (aquelas que ficam “dentro do dinheiro” ou ITM, no jargão) ou não são exercidas (ficam “fora do dinheiro”, OTM ou, ainda, “viram pó” no jargão do mercado financeiro).

Mas, sendo exercidas ou não, elas “morrem” do mesmo jeito. Uma vez que chegam no dia do vencimento, “já era”. Até nunca mais!

Opções (e outros derivativos) versus ações

Uma das principais diferenças entre os derivativos e “ativos” em geral (e aí podemos colocar as ações de empresas entre os “ativos”) é que os ativos (e as ações em particular) não têm, tipicamente, uma “data marcada para morrer”.

Ações são títulos que representam o capital social de uma empresa e sabemos que empresas não são eternas. Ocasionalmente elas podem deixar de existir. Podem falir, serem incorporadas por outras empresas… Mas sempre se presume que o tempo de vida de uma empresa é “indeterminado”. E, se nada “estranho” acontecer, a tendência é que uma empresa dure para sempre.

Por isso, quando compramos uma ação de uma empresa e essa ação se desvaloriza, os investidores ficam na expectativa de que essa desvalorização é temporária e a ação vai se tornar lucrativa em algum momento (ainda que seja precisa esperar um pouco mais).

O “caminho natural” para uma ação é a valorização. Uma empresa cuja ação “só cai” tende a não sobreviver por muito tempo. Seu destino costuma ser a falência ou ser incorporada por outro grupo empresarial. Então, se a empresa “não for para o buraco”, o investidor sempre tem a esperança de que seu investimento se tornará lucrativo no futuro.

Quem opera com opções e outros derivativos não pode, ao contrário do investidor em ações, se dar ao luxo de “esperar indefinidamente” que sua operação se torne lucrativa, pois esses instrumentos têm um tempo de vida limitado e predeterminado.

E é aí que entra a tal “rolagem”. “Rolar” (ou “ajustar”) um derivativo é uma técnica para “dar mais tempo de vida” a uma operação que não deu certo logo no começo, mas tem o potencial de dar certo se ela conseguir sobreviver um pouco mais.

Rolagem – Dando mais “vida” a uma operação.

O princípio básico da rolagem é encerrar uma opção que está próxima de vencer e “iniciar” outra, de características semelhantes, com vencimento mais longo.

“Encerrar” uma opção é fazer a operação contrária à sua posição atual. Se você está comprado em uma opção, você a vende. Se está vendido, recompra. “Encerrar” é “zerar” a sua posição.

Simultaneamente, você “abre” outra posição com um vencimento mais longo. Com isso, você aumenta o tempo de vida de sua operação e ganha mais tempo, na expectativa de que, nesse tempo adicional, sua operação se torne lucrativa.

Rolagem de futuros e de opções

Contratos futuros também têm data de vencimento e, dependendo da operação, pode ser necessário rolar esses contratos para vencimentos mais longos. Porém, a rolagem de futuros tende a ser mais fácil que a de opções, pois não existem preços diferentes de exercício (os chamados “strikes”, como nas opções). O preço do contrato futuro é um só para cada vencimento e isso deixa tudo muito mais direto e intuitivo.

No caso das opções, tem as diferentes séries (os “strikes” ou preços de exercício). Em uma rolagem “padrão”, encerra-se a opção de um determinado strike e se abre uma nova posição no mesmo strike, só que em um vencimento mais distante no tempo.

Porém, quem está conduzindo a operação pode optar, por razões de estratégia, de liquidez ou por algum outro motivo, por fazer a rolagem para outro strike. Neste caso, se fala em “rolagem para cima” (quando a nova posição é aberta em strike mais alto que a atual) ou “rolagem para baixo” (quando a nova posição é aberta em strike inferior ao da atual).

Ganhando ou perdendo dinheiro com rolagem de opções

A rolagem faz parte da “caixa de ferramentas básica” de um operador de opções. Para muitas operações, a rolagem é mais interessante do que, simplesmente, encerrar a operação e reconhecer o prejuízo.

As opções têm o chamado “valor no tempo” (ou valor extrínseco). E, por conta disso, uma opção, de um mesmo ativo e mesmo strike, com um vencimento mais longo sempre é mais cara que outra de vencimento mais curto. Isso não é uma regra absoluta, mas opções mais curtas com prêmios maiores que opções (iguais) mais longas são uma anomalia de mercado e algo que não acontece com muita frequência.

Por conta desse valor no tempo, a rolagem é particularmente interessante para aqueles que estão VENDIDOS em opções, pois ganha-se dinheiro adicional a cada rolagem. Se recompra uma opção mais barata para vender outra mais longa e mais cara. Essa diferença de preço nos prêmios acaba sendo embolsada por quem está fazendo a rolagem.

No caso de operações COMPRADAS, a rolagem já não é mais tão vantajosa pois, pelo mesmo efeito do valor no tempo, se “paga” para fazer a rolagem. Quem está comprado em uma opção (não importa se uma call ou uma put) precisa vender a opção mais próxima do vencimento e comprar outra de vencimento mais longo (e, consequentemente, de prêmio mais alto).

Então, quem está comprado em opções precisa “colocar dinheiro novo” a cada rolagem.

Para quem opera vendido, são poucas as ocasiões em que a rolagem não é vantajosa. Mas, para quem opera comprado, o custo adicional das rolagens pode inviabilizar a operação. Por isso, quando se está comprado em opções, em muitos casos é melhor “encerrar de vez” a operação (aplicar um “stop loss”, como se diz no jargão) do que insistir na operação perdedora.

Rolar uma posição em opções comprada só compensa se o custo for baixo e se quem montou a posição estiver realmente confiante de que a operação ficará lucrativa rapidamente, pois quanto mais o tempo passa, mais rolagens serão necessárias e mais o custo da operação aumenta, eliminando qualquer vantagem e qualquer possibilidade de lucro.

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