Derivativos são instrumentos financeiros cujo preço deriva de um “ativo subjacente”. Portanto, a primeira coisa que precisamos saber é que, tecnicamente falando, derivativos não são “ativos” (apesar de serem tratados assim para fins oficiais e fiscais), mas sim “instrumentos financeiros”.
Um ativo é um recurso, tangível ou intangível, que tem o potencial de gerar valor econômico e é “possuído” por alguém (uma pessoa, uma instituição, um país, etc.), tendo valor intrínseco.
Já um derivativo é um contrato entre duas partes que usa o preço de um ativo (que, nesse contexto, é chamado de “ativo subjacente”) como mera referência de preços.
É por isso que algumas pessoas dizem que um derivativo é algo que “deriva do ativo”. O fato de, em Língua Portuguesa, “ativos” e “derivativos” serem palavras parecidas (diferentemente do inglês, onde os termos são, respectivamente, “assets” e “derivatives”), facilita essa associação.
Um exemplo simplificado de um derivativo
Imagine que nós vamos fazer uma aposta, na qual vamos usar o dólar como objeto dessa aposta. Eu acredito que, até o final do mês, o dólar vai subir e você acredita que vai cair.
Então, estabelecemos um valor (arbitrário) para cada centavo de dólar. Digamos, hipoteticamente, 50 reais por centavo.
Se, no fim do mês, o dólar estiver dez centavos acima da cotação atual, você deve me pagar 500 reais (10 centavos vezes 50 reais). O mesmo acontece se o dólar cair, mas, nesse caso, é você quem ganha (e eu tenho que lhe pagar).
Observe que nós dois fizemos um contrato em dólar, porém, não temos nenhum dólar no bolso (ou na conta). O dólar “não existe” nessa negociação, ele apenas “emprestou” seu preço para que nosso contrato pudesse existir.
Essa “aposta” que descrevi pode ser considerada um modelo rudimentar de derivativo, que usa o dólar como ativo subjacente. E poderíamos usar, literalmente, qualquer coisa como ativo subjacente, contanto que essa coisa tenha um preço ou que possamos atribuir um preço.
Acho que aqui fica clara a diferença entre ativo e derivativo. Um ativo “existe” (ainda que seja intangível), enquanto um derivativo é uma “construção mental”, que só existe entre as partes envolvidas.
Por esse motivo, é possível criar uma quantidade de derivativos muito maior do que a quantidade de ativos subjacentes, pois não é um pré-requisito que o ativo subjacente “exista” (e esteja disponível para ser transacionado) para que possamos criar um derivativo sobre ele.
As classificações dos derivativos
Existem quatro formas principais de classificar os derivativos:
- Quanto ao mercado;
- Quanto ao ativo subjacente;
- Quanto à relação entre o derivativo e o ativo subjacente;
- Quanto às obrigações geradas.
Derivativos quanto ao mercado
Com relação aos mercados onde são negociados, os derivativos podem ser “de bolsa” ou “de balcão”.
Derivativos de bolsa são aqueles que, como o nome sugere, são negociados em bolsas de valores e têm suas características padronizadas.
Derivativos de balcão são negociados diretamente entre as partes e não são padronizados, sendo “sob medida” para as partes envolvidas.
Derivativos quanto ao ativo subjacente
Entre os derivativos negociados no mercado financeiro, os ativos subjacentes mais comuns são:
- Mercadorias (commodities);
- Moedas;
- Ações e outros ativos financeiros;
- Índices financeiros;
- Outros derivativos (por exemplo, opções sobre contratos futuros).
Derivativos quanto à relação entre o derivativo e o ativo subjacente
A relação entre o derivativo e seu ativo subjacente é o que define o “tipo” de derivativo. Os quatro tipos de derivativos mais comuns são:
- Contratos futuros;
- Contratos de opção;
- Contratos a termo (ou forwards);
- Contratos de swap.
Em outros artigos, detalharemos cada um desses tipos.
Derivativos quanto às obrigações geradas
Existem dois tipos de relação entre as partes que negociam o derivativo. A primeira relação é a de obrigação, em que ambas as partes são obrigadas a cumprir o que foi estabelecido. Os derivativos que geram essa obrigatoriedade são conhecidos também pela expressão em inglês “lock” (de “trancar”). Um derivativo “lock” (que inclui contratos futuros, contratos a termo e contratos de swap) precisa ser cumprido por ambas as partes – elas ficam “trancadas” no contrato.
A segunda relação é a de opção, em que uma das partes tem o direito, mas não a obrigação, de cumprir os termos do contrato. O titular de um contrato de opção só cumpre o contrato se desejar.
Principais usos dos derivativos
Os derivativos têm duas aplicações principais: a primeira é proteção. Usa-se os derivativos como um “seguro de preços”, para proteger a parte interessada contra oscilações (potencialmente negativas) nos preços de um ativo subjacente de interesse. Esse tipo de proteção é chamado, no jargão das finanças, de hedge (que, em inglês, significa, literalmente, “cerca”).
A segunda aplicação principal dos derivativos é em operações especulativas, com o objetivo de ganhar dinheiro com a movimentação dos preços dos próprios derivativos e dos ativos subjacentes.
Os derivativos são, hoje, “estrelas de primeira grandeza” no mercado financeiro e responsáveis por grande parte dos negócios nas principais bolsas de valores do mundo.